quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Deambulações ferroviárias

E eis que tive outro pensamento! Desta vez na estação de Roma-Areeiro, e depois fui a viagem a pensar nisto.

Ia a pensar no que o Zé tinha dito de isto não ser propriamente uma festa, mas sim um espectáculo. Ou uma festa-espectáculo.

No fundo isto pode ser um espectáculo feito pelas pessoas, que escolhem se querem fazer parte do espectáculo ou assistir ao espectáculo. Elas são o público e são os actores! Sujeito passivo e sujeito activo. E como temos encarado isto como uma experiência, a coisa encaixa bem.

Até podíamos ter um espaço mais de contemplação, de onde se teria contacto com todos os outros espaços (por exemplo, podia ver-se os pés do pessoal que estaria numa sala, as cabeças do pessoal que estaria noutra, etc - como tentei desenhar no esquisso em cima), e até criar alguma curiosidade: "Como se chega ali?", "O pessoal ali está bué divertido, quero ir para lá!", "Mas porque é que a malta ali está tão séria?"

Até pensei (e a propósito da conversa ao almoço com o Tiago) que estes diferentes espaços poderiam ser - de uma maneira abstracta - cubos espalhados num espaço mais amplo, com diferentes caracteres (sim, Zé, sem acento!). E até se podia jogar com diferentes cotas e alturas e pés direitos, consoante as sensações de cada espaço.

Depois pensei noutra coisa: a festa teria uma programa, isto é, as 500 pessoas experienciariam tudo e cada momento ao mesmo tempo? Isso era bom, mas seria praticável? (Imaginem 500 pessoas a irem para outro espaço...) Ou a festa teria os vários espaços a funcionarem de maneira independente? Isso era mais praticável, mas seria tão interessante? Provavelmente seria estático demais. Então pensei que podemos ter os vários espaços sempre abertos e disponíveis, mas com um programa "preferencial". Isto é, nós decidimos que às 01:00 acontece isto no espaço 1, às 02:00 acontece aquilo no espaço 2, às 03:00 acontece aqueloutro no espaço 3. E as pessoas (a maioria) seguiria esse programa. *PUM*, enorme barulho no espaço 2, bora lá ver o que aconteceu! Desta maneira é possível a outras pessoas estarem nos espaços "não-utilizados", e até pode ser interessante haver a possibilidade de as pessoas serem "apanhadas de surpresa" pela súbita utilização do espaço, e ver como é que reagem a isso. E essa evolução do programa poderia ser marcada com a mudança do bar (imaginem um bar com 4 paredes, cada uma para um espaço, que estaria aberto só no espaço "do momento", mantendo-se visível dos outros espaços - "olha, para pedir bebidas tenho de ir ali agora")

Finalmente pensei que, em vez de fazermos um inventário de sensações e cores e cheiros e sons e que tipo de emoções e sensações e sentimentos é que transmitem, talvez seja melhor decidirmos o que queremos. Porque o resto (a arquitectura, a música, o cheiro, o tacto, etc) é o meio através do qual atingiremos o nosso objectivo.

Então pensei que os 4 espaços poderiam ser algo como: Espaço Frenético, Espaço Incómodo, Espaço Paz de Espírito, Espaço Solene. Teriam títulos mais sugestivos, obviamente. O Frenético seria muito dinâmico, música marada, cores psicadélicas, cheiros intensos, amplo e com fumo. O Incómodo seria mais claustrofóbico, com cheiros meio desagradáveis, música mais mórbida, cores mais negras. O Paz de Espírito seria leve, esvoaçante, com cortinas, cores suaves (suave, Tiago!), música pan-pipe (estou a gozar). O Solene seria bué "interventivo" (lembrei-me agora do museu do holocausto em Berlim), projecções na parede, pé direito enorme (tanto quanto pudermos), música muito série, cores muito sóbrias.

Okay, já me estou a alongar bué, mas queria só registar a ideia (e, já agora, obter reacções). É claro que isto são só ideias que fui tendo, não quer dizer nada que tenha de ficar assim. Como diz o Sua Kay, não há que ter medo de cair no ridículo! Mas acho que é bom irmos tendo uma base para trabalhar e discutir. Que é como quem diz, não temos de ter 4 salas, nem com esses nomes, nem o bar ao meio, nem os cubos, nem nada.

Beijinhos!

2 comentários:

Anónimo disse...

Gosto disto "Provavelmente seria estático demais. Então pensei que podemos ter os vários espaços sempre abertos e disponíveis, mas com um programa "preferencial". "

Grada-me a ideia d termos espaços aparentemente "nukos" durante certas alturas.. e q depois começam a ser elevantes.. pode desencadear-se uma euforiazinha d tentar-se perceber oq é q vai acontecer onde..

basicamente usar uma arma poderosissima.. a curiosidade humana.

Anónimo disse...

"nulos" e não nukos sefaxabore..